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A mostrar mensagens de 2011

Fui eu que me despistei...

Fui eu que me despistei, larguei tudo e segui pelo caminho ideal. Achei que vivia bem assim, com a segurança fabulosa do presente sem nunca olhar para trás. Mas a estupidez e as raivas do passado visitaram-me sempre. Deixei aquelas pessoas que nunca foram minhas Amigas e que nunca se esforçaram para me compreender, mas que também nunca me deram motivos suficientemente fortes para eu as abandonar umas com as outras.  Fui eu que me despistei. Fui eu que vos abandonei, fui eu a última a recusar a companhia de pessoas que me faziam quase sempre sentir mal. Fui eu que, por ser demasiado diferente e não ter coragem para vos gritar "EU SOU *isto*" deixei que pensassem que fui e sou eu a estúpida que, de um momento para o outro se afasta de toda a gente sem motivos aparentes, a que substitui toda a gente por outra gente e o faz sem remorso.  O motivo sempre existiu e até aparentava, vocês é que não quiseram vê-lo. Acomodaram-se ao facto de eu ter supostamente mudado e transfor

Não era grave. Ela estaria viva no dia seguinte.

Há uns dias fez 4 anos que umas das minhas amigas morreu. Escrevo esta palavra, mas ela ainda me custa escrever, ainda me custa dizer como se toda aquela situação voltasse de repente a arrancar a pele da mesma forma que então. conhecia-a já há muitos anos. Nós dávamo-nos bem. Não éramos melhores amigas, nem éramos inseparáveis. Mas apreciávamos verdadeiramente a companhia uma da outra. Andámos no mesmo colégio e, embora só nos encontrássemos no final das aulas, o percurso do colégio a casa era entre nós as 3: eu, a X e a L. A maioria das vezes saíamos do autocarro umas paragens antes e fazíamos o resto do percurso a pé e a falar. Não me perguntem sobre que falávamos mas gostávamos de o fazer. O primeiro destino era o da L e pouco depois o meu. Muitas vezes, a X ficava comigo, na minha paragem, a falar mais. Outras vezes ia namorar às escondidas dos pais e eu encobria-a se a mãe me ligasse preocupada por ela estar atrasada. Não era grave. Ela estaria viva no dia seguinte. Qua

carta à melhor amiga

[...] Eu acho que passei a minha vida a ser amiga e nunca me preocupei muito em ter amigos... e sempre me contentei com os "amigos" que tinha. Por isso, sempre guardei tudo para mim , no meu próprio mundo, e só eu sabia o que se passava comigo. Acho que aprendi mesmo a viver assim : a ouvir sem falar; a observar sem ser observada. No fundo, sempre passei despercebida e é provável que seja por isso que nunca senti tanta necessidade [como tu] de vestir preto. Digamos que não foi preciso ter alguém sempre a dizer que eu era ninguém para me convencer disso. Porque, de facto, eu era mesmo ninguém. Eu era invisível para eles e, provavelmente, nem para gozar servia. Eu era um nada para todos. Nunca me ria, não falava, andava muitas vezes sozinha e só se aproximavam de mim quando estava acompanhada de supostas amigas. Aliás, aproximavam-se era delas! Eu chegava ao fim do ano lectivo sem saber o nome das pessoas da minha turma. No grupo de amigas eu sentia-me sempre a mais. Ha

estupidezes alheias

Quando era miúda, queria ser fixe , queria que dissessem que era fixe. Achava que isso era um qualquer selo de autenticidade de aceitação social. e pior, achava que precisava mesmo desse selo. Tentei, obviamente, conseguir esse selo, praticando muitas estupidezes (que não há outra forma de o conseguir). Mas eu não conseguia disfarçar que era diferente, que não era fixe, pelos meus gostos e pelas minhas preferências, por atitudes que tomava e que deixavam qualquer fixe a pensar "que croma". Mantive longas amizades com pessoas com as quais não me identificava, que não me compreendiam, que gozavam com as minhas opções. O facto de eu ouvir música pesada, para alguns, era uma anedota, para outros era-o o facto de eu ouvir também música calma. Anedota também foi o facto de eu querer ser vegetariana ou simplesmente o amor. o amor... Eles não sabiam, mas estavam a tornar-me mais forte, a dar-me mais motivação para continuar a gostar do que gosto e não querer saber do qu

Filmes que me marcaram # 05 # Monólogos da Vagina

Título Original: The Vagine Monologues Lançamento: 2002 Direcção: Eve Ensler Actores: Eve Ensler, Steve C. Lawrence, Cathy Richardson. Duração: 76 min Gênero: Comédia / Documentário País: Estados Unidos (Indicação Etária: + 16 ) Sinopse: Criado e interpretado por Eve Ensler, que debutou no off Broadway em 1996. Este controverso trabalho iniciou rapidamente uma onda nacional de boas críticas e continuou a percorrer a América do Norte e todo o mundo. Os Monólogos da Vagina captura a performance única de Eve Ensler e viaja para além dos palcos à medida que ela explora o ímpeto criativo por trás dos monólogos, e conduz uma série de novas e reveladoras entrevistas tão inspiradoras como aquelas que motivaram o trabalho original. Porque é que me marcou? Não sei muito bem o que dizer, além do óbvio... Mas terei de ir por aí. O Monólogos da Vagina fez-me perceber que algo está errado no mundo quando não podemos chamar a uma parte do nosso corpo o verdadeiro nome dela. Fez-m

As minhas noites e os meus Monstros – Claustrofobia Cáustica Encurralada

A noite assusta-me, mais do que qualquer outra coisa. Eu não tenho monstros debaixo da cama ou no armário, as sombras esquisitas das árvores na parede não me incomodam e o paranormal não é uma ameaça. O que me assusta é outra coisa, outra coisa invisível, mas existe. É que à noite os meus Monstros libertam-se e comem-me viva. Esgotam-me os sorrisos e criam rios pela minha cara que continuam pelo meu pescoço, até ao meu peito. É assim que me secam os olhos. O pior é que os meus Monstros não são imaginação ou miragem. Atormentam-me, torturam-me e por vezes tentam matar-me. A noite assusta-me mais do que qualquer outra coisa e eu tenho medo. Os meus Monstros trazem o pior de mim e vêm acompanhados de todos os meus medos. Outras vezes são persistentes e resistentes ao tempo. Arrastam-se pelas horas e deixam de ser criaturas da noite para passarem a escurecer o dia. E o meu sono arrasta-se acordado porque não me deixam fexar os olhos. Faz parte da tortura. Eu? Eu olho em redor. A luz fi

the thing about the truth...

"eu não devo olhar para a verdade ela como o sol pode cegar quando o meu coração bater sozinho eu juro que os meus olhos vão fechar" Manel Cruz (Foge Foge Bandido)

I am ?

Acho que só procuro encontrar-me e, por outro lado, acho que já me encontrei e só tenho medo de abrir os olhos para ver onde estou...

e se forem as vontades a mudar os tempos?...

"Os tempos mudam", dizia o Careca, e, com o tempo, "mudam as vontades". Perguntei ao Careca se a sociedade é assim tão careca. Se escorrega ao som do relógio ou se o relógio o empurra sem piedade. Mas o Careca não sabe se há novos tempos , se há novas vontades, ou se o primeiro a mudar é aquele que anda ou aquele que sonha. "A aceitação de uma frase feita é perigosa", disse o Careca, crime que interrompe a mudança numa dança ofuscada capaz de esconder a saudade dos tempos nas novas vontades. Boneca de Trapos 

Filmes que me marcaram # 04 # Alice no País das Maravilhas

Título Original: Alice in Wonderland Lançamento: 1951 Direcção: Clyde Geronimi, Wilfred Jackson, Hamilton Luske Actores (1975): Therezinha (Alice), ? (Coelho Branco), Otávio França (Chapeleiro Louco), José Vasconcelos (Gato), Sara Nobre (Rainha de Copas) Duração: 90 min Gênero: Animação País: Estados Unidos Sinopse: Após seguir um coelho de colete e relógio, Alice embarca em uma aventura por um mágico mundo cheio de figuras inusitadas. Tentando encontrar o coelho, acaba conhecendo diversos personagens marcantes e se envolve em grandes confusões. Porque é que me marcou? A Alice era e continuo a ser eu. Sou aquela curiosa que sempre passou mais tempo com a imaginação do que com a realidade, sou aquela que via coisas maravilhosas que mais ninguém via e que me afastavam da crueldade do que me rodeava fisicamente, exteriormente. Constantemente distraída de tudo o resto, no meu interior tudo podia acontecer e só eu é que tinha acesso ao meu próprio país das marav

Dizem que os olhos são o espelho da alma...

talvez o sejam e talvez seja isso o que eu mais detesto nos meus olhos: não ter controlo sobre eles. E por isso dou comigo a recorrer a algo que mos escondam ou simplesmente a desviá-los de outros olhos. Tenho problemas em ser observada e quando surge algo que me deixa desconfortável olho para longe daquela pessoa, tal como uma criança inocentemente pensa que ao tapar os olhos fica totalmente escondida. Sei que os meus olhos são uma janela aberta para que me julguem e nunca estive nem nunca vou estar preparada para isso. Os meus olhos são azuis extremamente claros e, por isso, extremamente sensíveis ao sol. Toda a gente mos gaba. Penso que não é por mal, deve ser um elogio. As pessoas olham-me para os olhos e dizem que são lindos e pessoas estranhas pedem para tirar uma foto a uns olhos que têm um azul tão  diferentente e que nunca tinha visto - dizem. A mim, sabe-me como se as pessoas me estivessem a despir sem o meu consentimento e ainda por cima a tirarem-me uma fotografia, n

Filmes que me marcaram # 03 # Coco Antes de Chanel

Título original: Coco Avant Chanel Lançamento: 2009 Direção: Anne Fontaine Actores: Audrey Tautou , Benoît Poelvoorde, Alessandro Nivola , Marie Gillain. Duração: 105 min Gênero: Drama País: França Sinopse: Uma garotinha é deixada junto com a irmã num orfanato no coração da França, e todos os domingos ela espera, em vão, que o pai volte para buscá-la… Uma artista de cabaré com voz fraca que canta para uma plateia de soldados bêbados… Uma humilde costureira que conserta bainhas nos fundos de uma alfaiataria de cidade pequena… Uma cortesã jovem e magricela, a quem seu protetor, Etienne Balsan, oferece um refúgio seguro, em meio a um ambiente de decadência… Uma mulher apaixonada que sabe que nunca será a esposa de ninguém, recusando-se a casar até mesmo com Boy Capel, o homem que retribuiu seu amor… Uma rebelde que considera as convenções de sua época opressoras e prefere usar as roupas dos homens com quem se envolve… Esta é a história de Gabrielle “Coco

tenho andado longe daqui...

desta feita, por vontade própria. Andava a precisar de manter um bocado a distância disto ou, sei, iria passar aqui as férias viciada num ecrã e num teclado de que nem sequer preciso para viver.  e hoje vou de novo ao Cinema, ok, não costumo ir tantas vezes seguidas, mas só hoje é que vou ver um filme que realmente me apetece ver." Pina": - tenho lido - A Força dos Afectos de Torey Hayden. Bom!

ok, não pensem que desapareci...

... mas isto de andar na universidade tem-me tirado o tempo, a inspiração e paciência para vir passando por cá a escrever. Não me julguem marrona, sou mais do tipo deixa andar até ver que já não vou a tempo e então dedico-me aos cafés e a noites sem dormir e a faltar a umas aulas. nada de novo desde o secundário (só os cafés, vá... ).  Ando  na vida do vício universitário.  Estou a escrever isto uma semana depois de ter entregue e apresentado 3 trabalhos, uma semana antes de fazer 3 frequências e duas semanas antes de fazer duas frequências e entregar dois trabalhos. Por isso, vá, preciso de um desconto muito grande. e não se preocupem, eu depois faço reabilitação! outros pensamentos: ando a estudar e a esforçar-me tanto para quê, mesmo? ... pois... sinto-me um espermatozoide a tentar alcançar um óvulo infértil...

Filmes que me macaram # 02 # Eloïse

Título Original: Eloïse Lançamento: 2009 (?) Direcção: Jesús Garay Actores: Diana Gómez, Ariadna Cabrol, Bernat Saumell Duração: 92 minutos Género: Drama, Romance País: Espanha Sinopse: Ásia tem 18 anos, está no hospital em coma e sua mãe e seu namorado, Natanael, tomam conta dela. Pouco a pouco vemos os eventos que levaram Ásia para o hospital, seu relacionamento com sua mãe, seus amigos e seu namorado, e, acima de tudo, com Eloise, uma misteriosa garota que lhes apresenta um mundo de novas sensações e com quem irá relembrar um episódio doloroso de seu passado, do qual sua mãe não está disposta que venha à luz. Finalmente, Ásia vai lutar para ser feliz em seu relacionamento com Eloise. Porque é que me marcou? É um filme sobre um amor lésbico, os problemas de aceitação da orientação, a influência da sociedade conservadora e as repercussões negativas que isso traz para quem tenta encontrar-se. A banda sonora é muito bonita e toda a história é simples e poderi

porque é que não gostei do filme "os miudos estão bem"?

É um filme sobre uma família lésbica. Isto é, duas lésbicas vivem juntas e, recorrendo a um banco de esperma, cada uma teve um filho. no filme, essa família é-nos retratada como uma família "normal". DEMASIADO igual às comuns. Em todo o filme, na narrativa, não há qualquer tipo de discriminação homofóbica. Não há mães nem filhos gozados e escarneados na escola. E com tanta "normalidade", parece que há sempre algo de muito anormal em todo o filme. A negação dos males da sociedade e das pessoas homofóbicas não é uma boa forma de fazer ver aos espectadores que aquela família É normal. Depois, o próprio filme é tendencialmente machista e aponta sempre para uma insatisfação sexual das lésbicas (entre outras particularidades), ou seja, o próprio filme acaba por ser homofóbico. Começa com as duas lésbicas a recorrerem a um filme pornográfico gay - com dois homens - para supostamente terem mais prazer em conjunto, facto que é mais tarde descoberto pelo filho e que q

Filmes que me marcaram # 01 # O Corcunda de Notre Dame

Após muito tempo de deliberação a pensar em qual o filme ideal para estrear os "Filmes que me marcaram", decidi optar pelo Corcunda de Notre Dame. Porquê? porque sim. Título original: The Huntchback of Notre Dame Lançamento: 1996 (EUA) Direção: Gary Trousdale, Kirk Wise Actores EUA: Tom Hulce ( Quasimodo ), Demi Moore  ( Esmeralda ), Tony Jay ( Frollo ), Kevin Kline  ( Febo ). Actores da versão portuguesa : Rómulo Fragoso e Tó Cruz nas canções ( Quasimodo ), Isabel Ribas e Dora Fidalgo nas canções ( Esmeralda ), Mário Pereira e José de Oliveira Lopes nas canções ( Frollo ), Paulo B ( Febo ). Duração: 91 min Gênero: Animação Sinopse: Em Paris, durante a Idade Média, vive Quasímodo (Tom Hulce), um corcunda que mora enclausurado desde a infância nos porões da catedral de Notre Dame. Até que, um dia, Quasímodo decide sair da escuridão em que vive e conhece Esmeralda (Demi Moore), uma bela cigana por quem se apaixona. Mas para conseguir concretizar s

Vacinas de inteligência

bom, hoje cheguei à conclusão mais importante da minha vida: Devia haver uma vacina de inteligência que fosse administrada logo à nascença. Já imaginaram? todas as pessoas serem inteligentes, não haver cromos, não haver cegueira (daquela cegueira que Saramago fala), não haver trolhas tal como os conhecemos, não haver estúpidos...  Enfim, não iria encontrar gente a dizer que as culturas islãmicas não são cultura nem são nada (quando, como é óbvio, é mais do que sabido que se trata de uma questão cultural). Não ia encontrar gente a dizer que é uma aberração as vacas, por serem sagradas, andarem a passear pelas ruas da Índia porque há pessoas a passar fome (quando em Portugal também há pessoas a passar fome e os cães e os gatos lá andam pelas ruas. Como é obvio, também é uma questão cultural).  Não ia encontrar gente materialista. Não ia viver no mesmo mundo que os patrões egoístas que conseguem lucros loucos e pagam menos do que o ordenado mínimo aos seus trabalhadores. Não ia vive

Porque nem sempre a esperança é igual àquilo que se espera

(Hoje passam dez anos desde a queda da Ponte de Entre os Rios e o Estado não apoiou suficientemente estas localidades, sendo, actualmente, uma das zonas com maior índice de desemprego e, portanto, torna-se cada vez mais isolada, verificando-se uma grande deficiência em acessos e vias de comunicação)  (Jornalista) - Então, espera um futuro melhor para Castelo de Paiva? (Entrevistada) - Não! Eu espero pior. (hoje, Sic Notícias)
« Não acredito que serias daquelas pessoas que, quando a censura permanece, se deixam reger por ela, simplesmente pelo medo de serem apanhadas. Mais valia ser como Julia (de 1984 ) que, sem lutar abertamente pela liberdade do país e do povo, lutava sozinha e diariamente pela sua própria liberdade. Só assim conseguiu ser livre num governo ditatorial, nem que apenas por alguns momentos. Só assim se consegue ser feliz quando tudo nos sugere tristeza. Não estou disposta a abdicar de pequenos momentos de felicidade e de liberdade clandestinos numa sociedade de censura, mesmo que esta censura dure para sempre. Não estou disposta a ser infeliz por ter medo de ser feliz e, sobretudo, não aceitarei que me digas que não vale a pena, apresentando hipóteses sombrias como fatalidades inevitáveis. Ser feliz é uma opção que se elege através de várias e pequenas escolhas. » Escrito por mim há, sensivelmente, um ano e meio.

BECAME A NEW NO-ONE

Born from nowhere and never grew up, She is all black, just like her blood! Black means truth, just like she said! Her pain can’t hurt you, but you deserve that! She smiles while she truthfully cries, That’s why she can’t face your eyes! She laughs while she deeply dies, That’s right, her eyes can’t tell lies! She looks at the mirror and feels insane It had gone years but the feeling remains She hurts herself with so much pain No one understands? She’s left in the rain!! Dresses all black to find herself, But never found more than confusion! Sometimes she pretends to be someone else But it is just a crazy illusion She cries while you sleep, She dies while you dream, And born again so deep! Do you know what it means?? She looks at the mirror and feels insane It had gone years but the feeling remains She hurts herself with so much pain No one understands? She’s left in the rain!! She became a new no-one And no one will ever

A insatisfação persegue-me...

Lembro-me de quando era miúda e só queria crescer. Queria conduzir, queria votar, queria viajar sem os pais, queria fazer simplesmente o que me apetecesse. Tudo o que os adultos faziam era sinónimo de independência. Agora conduzo, voto, viajo sem os pais, tenho alguma independência, mas, não, não faço tudo aquilo que quero. Agora só penso que tudo isto é sinónimo de velhice, este texto também é sinónimo de velhice. E velhice é sinónimo de degradação, da perda de inocência, a mesma inocência que eu tanto ansiava perder em criança. Agora, só quero voltar atrás… Mas o que faria, afinal, se pudesse voltar atrás? Imagino que fosse sentir o que sentira: falta da independência. Porque é que parece impossível combinar a inocência com a independência…?

Uma parte de mim

"Quero sair do meu corpo! Estou farta de mim. Sempre tão igual a mim mesma. Farto-me mais a mim mesma, comigo própria, do que com todas as outras pessoas juntas. Não deviamos estar limitados a um só corpo e a uma só identidade. Sou tão pouco... Quero mais, quero mais de mim. Quero ser o que goza, quero ser o que se ri, quero ser o indiferente e o humilhado. Quero ser aluna, professora e funcinária. Quero ser soldado dos dois lados duma guerra. Quero ser um drogado, um ladrão e um sem-abrigo. Quero ser pobre e quero ser rica. Quero ser louca e psiquiatra, juiz e julgada. Quero ser julgada e absolvida por um crime que não cometi, cometendo-o. Quero saber... Quero saber o que é ser cada um dos homens. Quero viver o seu passado e os seus sonhos para o futuro. Quero ser todos os homens, sendo eu mesma, porque, afinal, não o saberia ser se não sendo eu própria. Quero ser tudo, sendo nada. " Escrito por mim algures em 2008