Avançar para o conteúdo principal

carta à melhor amiga

[...] Eu acho que passei a minha vida a ser amiga e nunca me preocupei muito em ter amigos... e sempre me contentei com os "amigos" que tinha. Por isso, sempre guardei tudo para mim, no meu próprio mundo, e só eu sabia o que se passava comigo. Acho que aprendi mesmo a viver assim: a ouvir sem falar; a observar sem ser observada. No fundo, sempre passei despercebida e é provável que seja por isso que nunca senti tanta necessidade [como tu] de vestir preto.

Digamos que não foi preciso ter alguém sempre a dizer que eu era ninguém para me convencer disso. Porque, de facto, eu era mesmo ninguém. Eu era invisível para eles e, provavelmente, nem para gozar servia. Eu era um nada para todos. Nunca me ria, não falava, andava muitas vezes sozinha e só se aproximavam de mim quando estava acompanhada de supostas amigas. Aliás, aproximavam-se era delas! Eu chegava ao fim do ano lectivo sem saber o nome das pessoas da minha turma.

No grupo de amigas eu sentia-me sempre a mais. Havia segredos que só eu é que não sabia. Mas eu não tinha mais ninguém e, como tu disseste, "era suposto ter amigos"! =) Aprendi a fechar-me ainda mais. Aprendi a não confiar em ninguém, ou, pelo menos, a saber perfeitamente o que esperar das pessoas em quem confiava.


[...] Ninguém sabia lidar com isso e eu não conseguia lidar com nada. E fui-me fechando cada vez mais e mais e mais. Sim, acho que era anti-social.

Bem, isto são 2 - 3 anos da minha fantástica existência (5º - 6º ano). Acho que para já não consigo escrever mais. [...]

hum... se estás neste momento a ler isto, significa que nunca confiei tanto em ninguém na minha vida inteira como estou a confiar em ti [...] Obrigada por me deixares confiar em ti!


2008



LOV ' YOU

Comentários

  1. Eu acho que melhores amigas/os são das melhores coisas que há. Pode estar tudo mal que quando eles aparecem eles sabem como animar-nos.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Diz que sim, que é uma doença grave. O bolo de chocolate não.

volta e meia leio algures a ideia de que as pessoas mais inteligentes são mais infelizes. Criam-se gráficos e coisas e merdas em tom humorístico que sugerem que o melhor mesmo é ser burro e feliz. Confesso que por vezes queria ser mesmo burra, sem preocupações sociais, políticas, ecológicas, éticas, e um monte de fififis que me enervam diariamente. Não sei... não sei o que é melhor. às vezes penso que os pais não deviam ficar felizes quando por alguma eventualidade é diagnosticado à criança um grau de inteligência ligeiramente ou muito superior. É UMA DOENÇA GRAVE. Essa notícia diz em letras pequeninas em baixo "inteligência pode causar efeitos secundários graves (verificados em 100% dos casos registados) como disfunção social, exclusão e auto-exclusão, humilhação pública, incompreensão generalizada, incapacidade para socializar, descrença nos outros, inadaptação existencial, alergia fatal a pessoas, conversas monologais, suicídio incompreendido, entre outros". Mas desde quan...

Vacinas de inteligência

bom, hoje cheguei à conclusão mais importante da minha vida: Devia haver uma vacina de inteligência que fosse administrada logo à nascença. Já imaginaram? todas as pessoas serem inteligentes, não haver cromos, não haver cegueira (daquela cegueira que Saramago fala), não haver trolhas tal como os conhecemos, não haver estúpidos...  Enfim, não iria encontrar gente a dizer que as culturas islãmicas não são cultura nem são nada (quando, como é óbvio, é mais do que sabido que se trata de uma questão cultural). Não ia encontrar gente a dizer que é uma aberração as vacas, por serem sagradas, andarem a passear pelas ruas da Índia porque há pessoas a passar fome (quando em Portugal também há pessoas a passar fome e os cães e os gatos lá andam pelas ruas. Como é obvio, também é uma questão cultural).  Não ia encontrar gente materialista. Não ia viver no mesmo mundo que os patrões egoístas que conseguem lucros loucos e pagam menos do que o ordenado mínimo aos seus tr...

Filmes que me macaram # 02 # Eloïse

Título Original: Eloïse Lançamento: 2009 (?) Direcção: Jesús Garay Actores: Diana Gómez, Ariadna Cabrol, Bernat Saumell Duração: 92 minutos Género: Drama, Romance País: Espanha Sinopse: Ásia tem 18 anos, está no hospital em coma e sua mãe e seu namorado, Natanael, tomam conta dela. Pouco a pouco vemos os eventos que levaram Ásia para o hospital, seu relacionamento com sua mãe, seus amigos e seu namorado, e, acima de tudo, com Eloise, uma misteriosa garota que lhes apresenta um mundo de novas sensações e com quem irá relembrar um episódio doloroso de seu passado, do qual sua mãe não está disposta que venha à luz. Finalmente, Ásia vai lutar para ser feliz em seu relacionamento com Eloise. Porque é que me marcou? É um filme sobre um amor lésbico, os problemas de aceitação da orientação, a influência da sociedade conservadora e as repercussões negativas que isso traz para quem tenta encontrar-se. A banda sonora é muito bonita e toda a história é simples e po...