Avançar para o conteúdo principal

Razão



Cresci ali, naquela aldeia onde atravessava a rua e entrava na escola primaria. Era a minha casa, mas não era, so porque não dormia ali. À hora do jantar voltava para casa do meu pai e da minha mae para logo a seguir dormir. Durante o dia, na casa onde cresci, tinha duas maes. A minha bizavo e a minha avo. Elas foram e serao sempre a minha infância. Se dela sempre senti saudades porque sempre temi que ma roubassem da memoria, agora ela foge-me sem que eu possa exercer qualquer comando.

A minha bizavo partiu durante o sono ha pouco mais de um ano, a dois anos dos 100. Ca entre nos, acredito que ela está a viver um magnifico sonho, daqueles que ja não podia viver (nem se vivem) acordada.

A minha avo tem cancro. Tem cancro pela terceira vez. Tem cancro. Da primeira vez, ainda eu não tinha nascido, deram-lhe 3 meses de vida. Da segunda, ficou sem metade do estomago. E agora, eu ando á procura de um tecto ou de um chao que me faca acreditar que a merda do "á terceira é de vez" é a maior parvoice do mundo. 

Porque eu vejo as folhas a cair e o mundo a desabar e é o pior cancro de todos. Porque acreditar na esperanca parece tanto ofuscar a intuicao e o pressentimento. Porque ouvir as palavras "cancro" ou "quimioterapia" me fazem viajar ate ao deserto e eu não quero la ficar sozinha. Eu quero as minhas duas maes daquela casa em frente á escola primária para sempre.

Se eu não as tiver, como vou ter a minha infancia para sempre?


(desculpem lá a falta de acentuação ou a acentuação errada mas isto foi escrito no telemóvel 
e agora dá muito trabalho alterar. acho que percebem na mesma.)



LOV ' YOU

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Diz que sim, que é uma doença grave. O bolo de chocolate não.

volta e meia leio algures a ideia de que as pessoas mais inteligentes são mais infelizes. Criam-se gráficos e coisas e merdas em tom humorístico que sugerem que o melhor mesmo é ser burro e feliz. Confesso que por vezes queria ser mesmo burra, sem preocupações sociais, políticas, ecológicas, éticas, e um monte de fififis que me enervam diariamente. Não sei... não sei o que é melhor. às vezes penso que os pais não deviam ficar felizes quando por alguma eventualidade é diagnosticado à criança um grau de inteligência ligeiramente ou muito superior. É UMA DOENÇA GRAVE. Essa notícia diz em letras pequeninas em baixo "inteligência pode causar efeitos secundários graves (verificados em 100% dos casos registados) como disfunção social, exclusão e auto-exclusão, humilhação pública, incompreensão generalizada, incapacidade para socializar, descrença nos outros, inadaptação existencial, alergia fatal a pessoas, conversas monologais, suicídio incompreendido, entre outros". Mas desde quan...

Vacinas de inteligência

bom, hoje cheguei à conclusão mais importante da minha vida: Devia haver uma vacina de inteligência que fosse administrada logo à nascença. Já imaginaram? todas as pessoas serem inteligentes, não haver cromos, não haver cegueira (daquela cegueira que Saramago fala), não haver trolhas tal como os conhecemos, não haver estúpidos...  Enfim, não iria encontrar gente a dizer que as culturas islãmicas não são cultura nem são nada (quando, como é óbvio, é mais do que sabido que se trata de uma questão cultural). Não ia encontrar gente a dizer que é uma aberração as vacas, por serem sagradas, andarem a passear pelas ruas da Índia porque há pessoas a passar fome (quando em Portugal também há pessoas a passar fome e os cães e os gatos lá andam pelas ruas. Como é obvio, também é uma questão cultural).  Não ia encontrar gente materialista. Não ia viver no mesmo mundo que os patrões egoístas que conseguem lucros loucos e pagam menos do que o ordenado mínimo aos seus tr...

Filmes que me macaram # 02 # Eloïse

Título Original: Eloïse Lançamento: 2009 (?) Direcção: Jesús Garay Actores: Diana Gómez, Ariadna Cabrol, Bernat Saumell Duração: 92 minutos Género: Drama, Romance País: Espanha Sinopse: Ásia tem 18 anos, está no hospital em coma e sua mãe e seu namorado, Natanael, tomam conta dela. Pouco a pouco vemos os eventos que levaram Ásia para o hospital, seu relacionamento com sua mãe, seus amigos e seu namorado, e, acima de tudo, com Eloise, uma misteriosa garota que lhes apresenta um mundo de novas sensações e com quem irá relembrar um episódio doloroso de seu passado, do qual sua mãe não está disposta que venha à luz. Finalmente, Ásia vai lutar para ser feliz em seu relacionamento com Eloise. Porque é que me marcou? É um filme sobre um amor lésbico, os problemas de aceitação da orientação, a influência da sociedade conservadora e as repercussões negativas que isso traz para quem tenta encontrar-se. A banda sonora é muito bonita e toda a história é simples e po...