Estou enjoada de consumir oxigénio, o mesmo oxigénio que me permite viver em sufoco de tão insuportável a insistência quase mecânica, quase metafísica em respirar. Permito-me obedecer ao instinto do corpo e, se não for instinto, permito-me obedecer ao algo que me marioneta os órgãos. E se nada me marioneta os órgãos, estarei eu a viver em sufoco de vontades próprias ocultas ou sinto as essas mesmas vontades?
Continuo sem perceber o que faço aqui, o que vim a este corpo fazer e o que faço, que continuo a respirar. Se não existir, ou se não o encontrar, propósito de vida, o pouco que trouxe ao mundo é pouco mais do que vago...
Caminho pela vida terrena à boleia dos que sabem para onde vão ou por onde vão. Quase instintivamente sigo-os, como outros seguem as estrelas. Não sei o caminho, não sei o destino, mas sei, perfeitamente convicta, que devo segui-los.
E o que recebo é tanto comparado com o que dou...
Nunca soube para onde vou, nunca soube o melhor caminho, nunca tive sequer um caminho certo (que a incerteza e o imprevisto me pertencem). E, se não sigo ninguém, quando sei por breves momentos o caminho, caminho perfeitamente sozinha, solitariamente acompanhada de mim mesma, invariavelmente fora de mim.
Nunca guiei ninguém, sigo, deixo-me levar, mas não acontece arrastar e deixar rasto faz parte. Está na hora!
Fevereiro de 2014
Fevereiro de 2014
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