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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2011

A insatisfação persegue-me...

Lembro-me de quando era miúda e só queria crescer. Queria conduzir, queria votar, queria viajar sem os pais, queria fazer simplesmente o que me apetecesse. Tudo o que os adultos faziam era sinónimo de independência. Agora conduzo, voto, viajo sem os pais, tenho alguma independência, mas, não, não faço tudo aquilo que quero. Agora só penso que tudo isto é sinónimo de velhice, este texto também é sinónimo de velhice. E velhice é sinónimo de degradação, da perda de inocência, a mesma inocência que eu tanto ansiava perder em criança. Agora, só quero voltar atrás… Mas o que faria, afinal, se pudesse voltar atrás? Imagino que fosse sentir o que sentira: falta da independência. Porque é que parece impossível combinar a inocência com a independência…?

Uma parte de mim

"Quero sair do meu corpo! Estou farta de mim. Sempre tão igual a mim mesma. Farto-me mais a mim mesma, comigo própria, do que com todas as outras pessoas juntas. Não deviamos estar limitados a um só corpo e a uma só identidade. Sou tão pouco... Quero mais, quero mais de mim. Quero ser o que goza, quero ser o que se ri, quero ser o indiferente e o humilhado. Quero ser aluna, professora e funcinária. Quero ser soldado dos dois lados duma guerra. Quero ser um drogado, um ladrão e um sem-abrigo. Quero ser pobre e quero ser rica. Quero ser louca e psiquiatra, juiz e julgada. Quero ser julgada e absolvida por um crime que não cometi, cometendo-o. Quero saber... Quero saber o que é ser cada um dos homens. Quero viver o seu passado e os seus sonhos para o futuro. Quero ser todos os homens, sendo eu mesma, porque, afinal, não o saberia ser se não sendo eu própria. Quero ser tudo, sendo nada. " Escrito por mim algures em 2008