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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2015

Olá, mãe! Sim, está tudo bem...

estou a perder os pés, mãe. a pele sai-me lentamente como a de uma cobra na mudança de estação. mas por baixo... por baixo apenas carne-viva. e faz frio. mãe, tenho frio. vem a correr atrás de mim com o meu casaco esquecido. tu não te esquecias nunca. e não te preocupavas nunca com coisas outras. não sei, mãe, não sei. estou a perder os pés.

além das mãos

fala-me de ti com um copo de vinho entre os dedos... consome o aroma das antigas vindimas a pés descalsos cantando e dançando o amante pisar do ritual do sangramento das uvas... gira os teus pensamentos gira os teus pensamentos gira os meus pensamentos gira os nossos pensamento gira os pensamentos degusta o redondo sabor do circundante éter ancião oh, o eterno suco das almas que movem os nossos espíritos dentro dos nossos corpos energéticos movendo-se lentamente quase estaticamente num sofá baixo a uma luz baixa, quente, acolhedora, qual trono de conhecimento com uma coroa d'oiro, com uma coruja cravada, no topo dos nossos pés, unindo o nosso sangre sagrado. (não o poderia assim ter visto, quando a visão não olhava além das mãos)

o orgasmo dos pés

os meus pés têm dedos porque querem agarrar a relva.... e contorcem-se! o meu orgasmo tem três faces. três metamorfoses divinas para a concepção astral perfeita. não me desapareças assim. não me apareças assim. a carne... a carne humana desintegrada em minúsculas partículas da existência visceral terrena desfeitas na feição mais pura da luxúria. odeias-me na vida, mas amas-me no orgasmo.

A Safo de Lesbos

Divindade feita corpo terreno Do vinho de Baco feito vinagre Afrodite, posse de olhar, poderoso veneno A cancioneira despe-se naquele acre E o linho das tecedeiras geme assim como que gozando as dores do coração levando a ágora à doce exaltação de epopeias nunca antes cantadas a ti Safo, feita deusa, toca-lhes na alma dos corpos feitos instrumentos, renasce a bela língua da terra calma levando longe os ágeis sofrimentos E o trigo abana-se, incontrolavel mente, como que libertando aroma a expensão entre milenares clausuras sem exposição pedindo amor ao Universo, insaciavelmente.

entrega-me ao destino em branco

Espaços velhos, vazios, abandonados dentro de mim de inúmeras cores, monocromáticas monotonias luzes de fusco, mortas de calor assim numa aragem de qualquer coisa sombria sons curiosos, violentas harmonias da alma desesperados sussurros do moderno, alterno enchem as paredes, transbordam de calma o que um dia soou de falso eterno beija-me as chagas, afaga-me a dor e abraça-me a cantar, aqui, assim, no lugar da crueldade d'o amor no calor d'algo novo, indifinido, apenas, agora leva-me para longe de mim pega-me, viaja-me, entrega-me ao destino em branco, pedaços de fatalidades por escrever numa barulheira infernal de um qualquer estado pacífico de um qualquer lugar maravilhosamente perdido nos achados encontrados algures na linha que corri, que suei e morri, beijei nunca o correcto, sensação marginal sem espaço nem fundo que assim sendo suga a certeza de viver. Explora-me, guia-me e traz-me de volta ao mundo negro, por fora cheio de d'algo místico, d&

Faz-me sentir, vê-me chorar!

Algo de mim morreu contigo e ainda não descobri o quê. O que foi de tão vital assim que me deixa mutilada? Uma incompletude genética talvez? Um desaforo genealógico? O que me deixa assim de luto suspenso? Amo-te! Amo-te! Não te disse, mas tu sabias. Amo-te! Amo-te a ti e à minha memória de ti. Amo tudo o que me deste, tudo o que fizeste da minha vida eu amo. Mas faltas-me. Faltam-me coisas sem nome, coragens sem força, conhecimentos de mim que só tu sabias. Amo-te também por isso. Amo-te! Tu sabes, tu sabes. Mas há tanto de ti que não sinto e sinto falta. Saudades do teu espírito. Estás aí? Fala comigo. Transmite-te a minha essência perdida. Passa-me os teus poderes. Leva-me a conhecer-me! Pega em mim ao colo. Pega em mim ao colo! Faz-me sentir, vê-me chorar. Chora-me! Quero-te comigo. Transmite-me emoções e coisas que desconheço. Ensina-me! Ensina-me a mim mesma. Não vás já! Não me deixes já... Quero ver-te! Preciso ver-te para me ver. Tu sabes. Eu amo-te. Tu sabes. Diz-me! O que há