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A mostrar mensagens de 2013

Sobre a pluralidade de self-harming

Nunca vi grande diferença entre cortar os pulsos (ou outra parte do corpo), arrancar cabelos, ou qualquer outra forma de self-harming, e fumar, beber, drogar-se. Exactamente da mesma forma que suicídio por overdose de drogas de qualquer tipo não é diferente de suicídio com pistola, ou enforcamento, ou atirar-se para dentro de um poço ou para a frente de um comboio.  Ás vezes dou por mim a pensar quanto pesa a minha promeça e quanto pesam alguns minutos inofensivos de alívio. Não é que me sinta culpada. A minha intenção não é magoar-me para me punir. A minha intenção não é sequer sentir alguma coisa. É precisamente deixar de sentir. Esquecer. Fazer pausa. Apenas por uns minutos. Fazer pausa.  Sorrir doi, acreditem, doi mais do que self-harming . Mas promessa é promessa. LOV ' YOU

Todas as noites...

O meu mundo inteiro, cheio de resquícios de nada e de pensamentos insistentes no mais intermitente estado de alma, despedaçado, pendurado meio vivo meio morto num mundo cancerígeno até às entranhas. As vísceras sociais alimentam-se desalmadamente dessas carcaças vazias de racionalidade e eu observo. Às vezes luto, às vezes desvio o olhar, ignoro mesmo sabendo que existem.  A noite, o escuro, os monstros, eles voltam todos para mim ao escurecer. Olham-me, respiram-me, beijam-me contra a minha vontade, despem-me, violam-me e degulam-me, esventram-me, deixam-me morrer lentamente, levando um pedaço meu como recordação. Todas as noites. E todas as noites finjo, actuo, misturo-me na vida dos outros, na vida de personagens fictícias que me façam esquecer a minha essência.  Longe de mim, Longe de mim, penso, quero-me longe de mim. Mas há sempre um fim, e no fim não há alternativa se não voltar a mim. Voltar a mim para repetir eternamente esse devaste maldito, cíclica agonia sem fim.

intrinsecamente

Às vezes gostava de ter dono, de ter casa, de me sentir em casa em minha casa, de estar bem onde estou, de não andar sempre a olhar para o lado à procura de algo que não sei exactamente o que é, mas que nunca é o que vejo. Não sei se passa, esta insatisfação, este sentimento de despertença. Nem sei onde me leva. Geralmente não me leva a lado nenhum. Não me move, não me transporta. É sobretudo inútil e é-me soberbamente intrínseco. Intrinsecamente deprimente. Estou seca de me inspirar. Estou seca de respirar. Volto ao mesmo sítio do labirinto de sempre. Eu sei onde está o caminho certo, onde está a saída. Eu sei, mas não o vejo. Não quero ver. Quem me garante que o que vem depois não é pior? Eu não sei. Vocês sabem? Quem me garante? LOV ' YOU