Avançar para o conteúdo principal

As minhas noites e os meus Monstros – Claustrofobia Cáustica Encurralada

A noite assusta-me, mais do que qualquer outra coisa. Eu não tenho monstros debaixo da cama ou no armário, as sombras esquisitas das árvores na parede não me incomodam e o paranormal não é uma ameaça. O que me assusta é outra coisa, outra coisa invisível, mas existe. É que à noite os meus Monstros libertam-se e comem-me viva. Esgotam-me os sorrisos e criam rios pela minha cara que continuam pelo meu pescoço, até ao meu peito. É assim que me secam os olhos. O pior é que os meus Monstros não são imaginação ou miragem. Atormentam-me, torturam-me e por vezes tentam matar-me. A noite assusta-me mais do que qualquer outra coisa e eu tenho medo. Os meus Monstros trazem o pior de mim e vêm acompanhados de todos os meus medos. Outras vezes são persistentes e resistentes ao tempo. Arrastam-se pelas horas e deixam de ser criaturas da noite para passarem a escurecer o dia. E o meu sono arrasta-se acordado porque não me deixam fexar os olhos. Faz parte da tortura. Eu? Eu olho em redor. A luz fica pesada na parede e tudo fica congelado. Todos os átomos, partículas ou células parecem estar congelados. Por vezes também eu fico congelada, concentrada nas estátuas que me rodeiam e na minha estúpida respiração que interrompe. Outras vezes, crio movimentos porque preciso circular o ar que, por uma claustrofobia cáustica, me encurrala. Mas os Monstros mais combativos são aqueles que trazem a verdade. Esses vêm para ficar. Esgotam-me exaustivamente até que perco o tempo, até que perco a força, até que perco a coragem, até que perco a vontade e me dou finalmente por vencida pelos meus Monstros da Verdade. Durmam bem, Monstros da Mentira. Os outros Monstros? Não saberia viver sem eles.

Comentários

  1. Eu combato os monstros com um peluche!*.*

    ResponderEliminar
  2. eu sei! :) pena que isso não resulte comigo... :S

    ResponderEliminar
  3. - sem saber o que dizer -

    E se eu te comprar um peluche gigante que pareça o Serj? Ele assim mata os monstros! :D

    ResponderEliminar
  4. Oh *.* um peluche gigante que se pareça com o serj!!! agora deixaste-me a sonhar! :)

    hum... e não saberes o que dizer é bom ou mau?! xD

    ResponderEliminar
  5. É mau porque gostava de ter uma palavrinha querida para dizer mas o peluxe do Serj acho que compensou vá xD eu era mais os monstros debaixo da cama e a entrarem pelo telhado e assim :| E ainda tenho isso quando vejo ou falo de coisas assustadoras.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Vacinas de inteligência

bom, hoje cheguei à conclusão mais importante da minha vida: Devia haver uma vacina de inteligência que fosse administrada logo à nascença. Já imaginaram? todas as pessoas serem inteligentes, não haver cromos, não haver cegueira (daquela cegueira que Saramago fala), não haver trolhas tal como os conhecemos, não haver estúpidos...  Enfim, não iria encontrar gente a dizer que as culturas islãmicas não são cultura nem são nada (quando, como é óbvio, é mais do que sabido que se trata de uma questão cultural). Não ia encontrar gente a dizer que é uma aberração as vacas, por serem sagradas, andarem a passear pelas ruas da Índia porque há pessoas a passar fome (quando em Portugal também há pessoas a passar fome e os cães e os gatos lá andam pelas ruas. Como é obvio, também é uma questão cultural).  Não ia encontrar gente materialista. Não ia viver no mesmo mundo que os patrões egoístas que conseguem lucros loucos e pagam menos do que o ordenado mínimo aos seus tr...

Uma parte de mim

"Quero sair do meu corpo! Estou farta de mim. Sempre tão igual a mim mesma. Farto-me mais a mim mesma, comigo própria, do que com todas as outras pessoas juntas. Não deviamos estar limitados a um só corpo e a uma só identidade. Sou tão pouco... Quero mais, quero mais de mim. Quero ser o que goza, quero ser o que se ri, quero ser o indiferente e o humilhado. Quero ser aluna, professora e funcinária. Quero ser soldado dos dois lados duma guerra. Quero ser um drogado, um ladrão e um sem-abrigo. Quero ser pobre e quero ser rica. Quero ser louca e psiquiatra, juiz e julgada. Quero ser julgada e absolvida por um crime que não cometi, cometendo-o. Quero saber... Quero saber o que é ser cada um dos homens. Quero viver o seu passado e os seus sonhos para o futuro. Quero ser todos os homens, sendo eu mesma, porque, afinal, não o saberia ser se não sendo eu própria. Quero ser tudo, sendo nada. " Escrito por mim algures em 2008

A insatisfação persegue-me...

Lembro-me de quando era miúda e só queria crescer. Queria conduzir, queria votar, queria viajar sem os pais, queria fazer simplesmente o que me apetecesse. Tudo o que os adultos faziam era sinónimo de independência. Agora conduzo, voto, viajo sem os pais, tenho alguma independência, mas, não, não faço tudo aquilo que quero. Agora só penso que tudo isto é sinónimo de velhice, este texto também é sinónimo de velhice. E velhice é sinónimo de degradação, da perda de inocência, a mesma inocência que eu tanto ansiava perder em criança. Agora, só quero voltar atrás… Mas o que faria, afinal, se pudesse voltar atrás? Imagino que fosse sentir o que sentira: falta da independência. Porque é que parece impossível combinar a inocência com a independência…?